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Mostrando postagens de 2011

O porquê da inércia midiática

Como as coisas mudam em certos aspectos e em outros a inércia impera. O Brasil mudou, avançou e quebrou alguns dogmas elitistas, no entanto, as raízes de certas mazelas ainda estão puxando riquezas que o mais profundo subsolo pode oferecer. O oligopólio da mídia superou as ondas progressistas e ainda está respondendo ao espectro conjuntural que transcende mais de um século. A Casa Grande ainda manda nos grandes jornais brasileiros, na verdade, os jornais são os instrumentos da velha elite que tenta impor seu domínio. O grande caso do momento é o livro “Privataria Tucana”, do jornalista investigativo multipremiado, Amaury Ribeiro Junior. O livro foi lançado na última sexta-feira, 9, pela Geração Editora e, apesar de não ter sido noticiado pela grande mídia, já é um fenômeno de vendas. Foram vendidos 15 mil exemplares em pouco mais de 24hrs, fazendo com que as livrarias que haviam rejeitado a obra, tivessem de correr atrás do prejuízo. Um novo lote de 50 mil exemplares irá chegar ainda

Capitães da Areia: O nosso ‘O Germinal’

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Uma obra para se ter, para sempre ler e reler e nunca [nunca] esquecer. Nosso ‘O Germinal’ é Capitães da Areia de Jorge Amado. Uma obra que prende o mais longínquo traço do plasma que cada ser humano carrega consigo. Um romance escrito com a mais qualificada pena marxista da Bahia, que contribuiu ao nosso país de maneira inegável. Abriu os olhos de uma sociedade baiana pré-Carlista e muito excludente. Um retrato verossímil da vida cruel de crianças que nasceram excluídas e viveram soltas, jogadas à sorte na realidade sádica de uma sociedade hipócrita e desigual, cuja única defesa e chance de vingança era roubar, e por isso, foram demonizadas pelos bons costumes. Cada menino mantinha um senso heróico macunaímico dentro de si, pois cumpria a missão de sobreviver e se proteger tendo a malandragem como única ferramenta.  A turma que vivia em um Trapiche abandonado era chefiada por Pedro Bala, um galego no meio de garotos negros e pardos que tinha uma perspicácia que o fazia parecer t

Os tijolos que o Brasil precisa colocar na sua reforma

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* Baseado na série Reformas Democráticas do Portal Vermelho O Brasil está construindo uma democracia pujante e vibrante, que com certeza é a mais promissora entre os emergentes.  A sociedade tem aumentado a sua consciência política, mas ainda é pouco. O nível de abrangência ainda é longe do ideal, por isso, o país precisa de reformas estruturais e essenciais ao nosso contexto. São assuntos discutidos desde a re-democratização do país, que ganharam musculatura com a guinada progressista que nos norteia desde 2003. Outrossim, é sabido que nada neste país se deu senão por uma forma heterogênea e complexa, de um modo que nada fluiu sem forçar. Foi muito tempo de escuridão, a luz ainda luta por hegemonia. Desta forma, tais avanços serão obtidos, exclusivamente, com participação popular, com o terceiro setor fomentando esta participação. As ruas deverão ser o norte e isso nunca pode fugir da pauta. Alguns projetos propondo algumas dessas causas já foram derrotados, mas a base governis

Uma reportagem maldita: mais um corte causado pela lamina de Plínio Marcos

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Plínio Marcos abusa da lamina afiada de sua navalha ao escrever, deixa a moral da velha sociedade totalmente estripada e consegue fazer com que o sangue da mesma se finde morosamente, gotejando, tornando os calafrios suscetíveis a todos. A hemorragia é a sentença impiedosa, não há sobreviventes. Se a justiça é cega ou vendada, Plínio Marcos é a lamina que corta a venda e a faz enxergar que não se pode julgar sem ver o que está julgando, não se pode entender sem olhar nos olhos do verdugo. Uma reportagem maldita, a história do menino Querô, é um retrato verossímil de tantas vítimas que a miséria já fez em nosso país. Do dia em que nasceu, o menino escolhido por Plínio Marcos para ser seu personagem principal estava “fudido”, como muitas vezes o autor descreveu. Trata-se de um romance, cujo foco narrativo está em primeira pessoa, sendo uma narração meticulosa de alguns eventos substanciais da vida de Jerônimo da Piedade – vulgo Querô. O enredo aborda sua infância até sua juventude, ch

Mais um tiro na pouca “moral” que ainda existe

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Para aprofundar a decadência da ética e fomentar de forma acachapante o descrédito à nossa (ainda) pequena crença na suposta ética da velha mídia, veio-nos como um chute no traseiro em mais um dia do imenso porre de melancolia que o segmento (imprensa) sofre - a tentativa de invasão ao apartamento do ex-ministro e atual membro da direção do PT, José Dirceu, quebrou a fina vidraça que segurava os principais “calunistas” da tropa de choque das oito famílias que se intitulam donas da informação nacional. Agora quebrou o teto de vidro, e eles estão machucados, caídos no chão. Em um momento cujo grandes conglomerados midiáticos tentam criminalizar aquilo que é tido como avanço básico nos países desenvolvidos, que é o projeto do marco regulatório da mídia – projeto escrito pelo ex-ministro da comunicação social Franklin Martins no Brasil -, em um momento no qual Rupert Murdoch – barão da comunicação mundial -, é desmascarado na Inglaterra por práticas ilícitas na apuração das reportagens

As bandeiras da humanidade e suas convergências para conquistar para todos

As hastes da humanidade seguram muitas bandeiras, bandeiras dignas e essenciais para que possa alcançar o sentido mais pleno de sua existência: viver em harmonia com o planeta terra, com todos os homens e mulheres tendo os direitos da respeitosa estadia. Dos homens comuns aos responsáveis em tomar decisões determinantes para o destino da humanidade, o sentimento deve ser o mesmo: fazer pelo todo. Certa vez, o mexicano César Chávez disse: " Não podemos buscar realização para nós mesmos e esquecer-se do progresso e prosperidade para nossa comunidade. Nossas ambições precisam ser amplas o suficiente para incluir as aspirações e necessidades dos outros, pelo bem deles e pelo nosso próprio. " Os seres humanos que mais contribuem para o todo são aqueles que possuem o adereço amplitude, que faz o espírito se tornar largo, que abrange sentimentos fraternais aos seus iguais na mesma proporção daqueles que têm por si. Em sua Autopsicografia, o poeta português Fernando Pessoa disse que

Grande Sertão Veredas: uma obra imperdível

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Somos antropófagos por natureza, como disse Oswald de Andrade, e podemos, com este atributo, produzir obras ímpares que ostentam peculiaridades de todos e ao mesmo tempo somente nossas. Uma loucura só entendida em nosso continente, pois nem todos têm o “swing” que temos. A literatura é o terreno mais fértil para que idéias cozinhadas em culturas diversas aflorem para uma cultura específica, incorporando todos os adereços temáticos a esta, parecendo que sempre pertenceram àquele determinado contexto. Neste sentido, muitos elegeram a celebre obra “Grande Sertão Veredas’ do escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967) como a mais completa da literatura brasileira, tal afirmação goza da minha concordância, pois é a obra que usa das principais ferramentas literárias para descrever o cotidiano da “jagunçagem” da zona da mata, ou Vale do Jequitinhonha e suas veredas das Gerais, como muitas vezes é citado na obra. João Guimarães Rosa era um poliglota fantástico, e um exímio conhecedor da

Leci Brandão honra o seu passado e traz esperança para o futuro

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Nas andanças pelas redes sociais, me deparei com uma chula crítica à deputada Leci Brandão (PCdoB), nesta o sujeito se perguntava o que ela estava fazendo num vídeo em que aparecia com o deputado Pedro Bigardi (PCdoB) falando sobre a realização da copa do mundo no Brasil em 2014, afirmando que a mesma deveria estar em uma roda de samba e não na política. Conheço o autor da crítica, e sei que o mesmo a fez mais por ignorância do que por maldade embasada, mas mesmo assim não deixou de ser uma crítica preconceituosa. Acredito que ele não saiba do passado de Leci, de sua militância no movimento negro, nas religiões afro-descentes e no movimento de afirmação do samba na cultura nacional. Com certeza, o mesmo não tem acompanhado a atuação de Leci na Assembléia Legislativa (ALESP) em defesa das minorias, apresentando projetos e afirmando a presença da mulher em um contexto ainda muito machista. Quando eleita, Leci prometeu coerência. Nisto já ficou claro como serão os quatro anos da primei

2 x 2: Eu já havia visto este filme

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Nada como esperar o amanhã. É assim que começo minha análise quanto ao desempenho da seleção brasileira dirigida por Mano Menezes na Copa América, onde o técnico gaúcho fez tudo o que “todos” queriam, pois convocou a dupla dinâmica santista e a jóia são-paulina. Assistindo o jogo, percebi o quão inconcebível é que nomes como Hernanes e Kleber estejam fora do time que está disputando a competição na Argentina. Por mais que o Fred tenha feito o gol de empate, e o Ramirez tenha jogado relativamente bem, quem acredita que os dois superam Hernanes e Kleber? Mas se trata da opinião do técnico, e quem convoca é ele. A crônica esportiva é normalmente muito criticada pelos jogadores, técnicos e cartolas de futebol, pelo sensacionalismo que pratica em momentos de derrota, o que eles esquecem é que é o mesmo sensacionalismo que traz a glória nos momentos de vitória. Não estou defendendo a prática sensacionalista, só estou dizendo que o futebol, sendo um esporte que atinge o senso comum – necess

Sendo, ainda, um dos melhores filmes sobre o tema, Reds é uma aula de jornalismo e história

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Escrever sobre filmes consagrados é uma tarefa ingrata, pois, provavelmente, existem diversas análises em formas de artigos, monografias e em outros modos sobre os mesmos. Sendo assim, e não obstante por isso, acredito que a solução é escrever profundamente sobre a impressão que tive da obra. O filme analisado neste artigo é o clássico “Reds”, lançado em 1981, do diretor, ator e roteirista Warren Beatty.  O filme aborda a cobertura jornalística e participação do americano John Reed, autor da obra “Os dez dias que abalaram o mundo”, na Revolução Russa de 1917, além da forte participação da sua companheira Louise Bryant. O roteiro aborda fatos históricos temperados pelas peripécias e desencontros do casal, além de entrevistas gravadas com pessoas que conviveram, diretamente e indiretamente, com o casal Reed, gravadas desde 1970 por Beatty. O enredo começa no início do século XX, período de atuação do protagonista, e tem como gancho: o início da Primeira Guerra Mundial. Tratava-se de um

Análise conjuntural da blogosfera progressista

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                           A blogosfera progressista tem de ser progressista Se estivéssemos em uma guerra da comunicação (e acredito que estamos), com certeza a ala vermelha estaria encabeçada pelos blogueiros progressistas, que se organizaram e hoje é o principal reduto daqueles que apontam um caminho de democratização da comunicação mais tangível, mostrando que a internet é a terra dos “jedis” na luta contra os “siths” da velha mídia. O ponto de análise deste artigo não é a blogosfera, mas sim o conceito do termo “progressista”, o que é sê-lo? Lembremos que o partido de Paulo Salim Maluf (o filhotinho da ditadura) chama-se Partido Progressista (PP). Um forasteiro em terras tupiniquins perguntaria se os blogueiros progressistas são militantes do PP que usam um blogue como ferramenta para o avanço. Para aqueles que conhecem o espectro político brasileiro, isto é uma blasfêmia. Mas se trata de uma das contradições do nosso cenário político. Na filosofia, o pensamento progressista es

Crítica da obra Macunaíma

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“Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos", disse um dos meus “reaças” favoritos, Nelson Rodrigues. Leio muitos livros, mas também releio muitas obras, tudo depende do assunto estudado no momento. Nada muito consciente, muitas vezes acontece por instinto, onde a mente sugere a obra. Em tempos recentes, decidi reler o clássico Macunaíma, lançado em 1928, do autor modernista paulista Mário de Andrade. Às margens do rio Uraricoeira, na Floresta Amazônica, nasceu Macunaíma, o herói de nossa gente. O Imperador do Mato é a síntese do espírito genuinamente brasileiro, sendo egoísta, safado, preguiçoso, inteligente – capaz de exercer persuasão a todos que estão a sua volta, era descrito pelo autor como portador de uma ingenuidade oriunda das terras tupiniqui

Higienópolis: A nova batalha

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Revolução francesa: a rebelião dos burgueses Ainda existe luta de classes? Os inimigos do socialismo científico marxista afirmam que Marx errou em colocar a economia como norte para explicar todas as discrepâncias da humanidade, sugerindo que não existe mais luta de classes no século XXI. O liberalismo de Adam Smith simplificou todo o processo, colocando o mercado como única solução para a humanidade. A ideologia marxista para estes, como o genial Vargas Llosa, morreu, quando caiu o muro de Berlim. O oportunismo científico liberal ganhou musculatura e virou neoliberal, e tendo em Washington sua base, dissemina o fim da eficácia da análise marxista acabando com o conceito de luta de classes, exaltando aquilo que Marx denominou de “alienação”, limitando o proletariado no que se refere a tomar consciência naquilo que precisa fazer em prol da sua revolução.   Todos os marxistas sabem que o discurso dos adeptos do Consenso de Washington é pura falácia, pois basta enxergar a penumbra para

Código Florestal: Debate oportunista ou propositivo?

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A contento de alguns e tristeza de outros, os fatos mostram que muito tempo se teve para a discussão do novo código florestal, o que não ilegítima as reivindicações de alterações quanto ao atual texto, tudo é questão de interpretação, seja para defesa ou para crítica.   O ponto de análise deste artigo não é o mérito do texto do Deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), mas sim o corriqueiro e desagradável oportunismo político, pois tal tema tem sido ambiente muito propício para os adeptos desta causa. O relator que historicamente esteve na trincheira da bancada progressista na câmara, vê-se em uma situação atípica, pois boa parte dos parlamentares tidos como progressistas, estão dando-lhe as costas, e parte daqueles que sempre o perseguiram, os conservadores, está apoiando-o. Tal análise proporciona uma rápida conclusão: o relator mudou de lado, e neste caso, aderiu à bancada ruralista, mas para mim trata-se de uma análise tão rasa como foi a refeição oferecida pela raposa à garça em sua tige

Viva à revolução!

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Vídeos em homenagem a mais nova vitória da revolução socialista na América Latina, devido às reformas aprovadas em plebiscito no Equador.

Análise: Ser Jornalista de Ciro Marcondes Filho

Uma profunda e robusta análise marxista sobre a comunicação com uma meticulosidade histórica digna de um bom jornalista e marxista, a obra Ser Jornalista, lançada em 2009, do sociólogo e jornalista Ciro Marcondes Filho, com certeza não é indicada pela maioria dos cursos de jornalismo do ensino privado. A obra não é indicada em universidades privadas porque analisa aguçadamente o processo de comunicação no mundo e no Brasil, a luta de classes dentro da comunicação e como o mercado de trabalho influencia a imprensa, como a imprensa porta-se no período da ditadura do capital, e como o emprego é usado pelos jornais-empresas para que o jornalista abdique de sua ideologia. Em Ser Jornalista, Marcondes Filho acaba com a poética ilusória do jornalismo chamando a imprensa de ferramenta-mor da luta pela hegemonia do pensamento social, trazendo à tona o fato de que a imprensa foi a ferramenta que a burguesia usou para derrubar a aristocracia, e que hoje a atual burguesia usa para sustentar sua he

1 de Maio: do sangue à ode ao trabalhador

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O domingo está acabando, e em muitos cantos da terra já acabou e após belíssimas comemorações, cabe a reflexão sobre o dia dos trabalhadores, não do trabalho – como defende a grande e velha mídia. Um rápido comentário: a velha mídia utiliza o termo “dia do trabalho” em detrimento ao dia do trabalhador, não por acaso, pois os conglomerados mediáticos defendem também o interesse patronal, pois pertencem às famílias que compõe grandes oligarquias, ademais dependem do dinheiro que a publicidade rende, ou seja: vivemos na ditadura do mercado, onde a exaltação do trabalhador não é interessante. Quanto ao dia do trabalhador, o cerne de tal data está na greve geral estadunidense de 1886, mais precisamente na cidade de Chicago. Na chamada Revolta de Haymarket, dezenas de trabalhadores foram feridos e mortos pela polícia, em uma manifestação popular que durou quase uma semana. A greve geral desencadeou diversos motins do proletariado pelo mundo, como a jornada de lutas pela regulamentação da jo

Pensamento pequeno-burguês: o mais irritante

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O pensamento pequeno-burguês com certeza é o mais irritante, ganha com larga vantagem de qualquer outra tendência classista, onde o maior mal deste pensamento é a sua megalomania, fato que torna a presença de qualquer portador de tal adereço altamente indesejável, para o mais tolerante social democrata ao mais ortodoxo marxista-leninista de carteirinha. Sua ideologia vã provoca no máximo a degustação satírica, aquela de Petrônio, porém, suas intervenções em embates ideológicos irritam, pois para os elementos desta classe, não existe nada mais prazeroso do que o sucesso obtido e agrado ao seu fetichismo – por mais irrisório que seja – torna-se uma verdadeira ode ao espírito. O adereço mais irritante desta classe é a sua alienação, fato que incomoda, pois os pequeno-burgueses ostentam com devoção e consideram-se superiores em seu universo paralelo. Samba para estes Matinho da Vila compôs, em primeira pessoa, onde o pequeno-burguês relata a realidade de sua vida, após libertar-se da alien