Uma reportagem maldita: mais um corte causado pela lamina de Plínio Marcos
Plínio Marcos abusa da lamina afiada de sua navalha ao escrever, deixa a moral da velha sociedade totalmente estripada e consegue fazer com que o sangue da mesma se finde morosamente, gotejando, tornando os calafrios suscetíveis a todos.
A hemorragia é a sentença impiedosa, não há sobreviventes. Se a justiça é cega ou vendada, Plínio Marcos é a lamina que corta a venda e a faz enxergar que não se pode julgar sem ver o que está julgando, não se pode entender sem olhar nos olhos do verdugo.
Uma reportagem maldita, a história do menino Querô, é um retrato verossímil de tantas vítimas que a miséria já fez em nosso país. Do dia em que nasceu, o menino escolhido por Plínio Marcos para ser seu personagem principal estava “fudido”, como muitas vezes o autor descreveu.
Trata-se de um romance, cujo foco narrativo está em primeira pessoa, sendo uma narração meticulosa de alguns eventos substanciais da vida de Jerônimo da Piedade – vulgo Querô. O enredo aborda sua infância até sua juventude, cheio de peripécias ocorridas no Porto de Santos.
Texto curto e de fácil leitura. A obra recebeu o prêmio de melhor de 1976 da Associação dos Críticos de Arte de São Paulo.
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