Sendo, ainda, um dos melhores filmes sobre o tema, Reds é uma aula de jornalismo e história
Escrever sobre filmes consagrados é uma tarefa ingrata, pois, provavelmente, existem diversas análises em formas de artigos, monografias e em outros modos sobre os mesmos. Sendo assim, e não obstante por isso, acredito que a solução é escrever profundamente sobre a impressão que tive da obra.
O filme analisado neste artigo é o clássico “Reds”, lançado em 1981, do diretor, ator e roteirista Warren Beatty. O filme aborda a cobertura jornalística e participação do americano John Reed, autor da obra “Os dez dias que abalaram o mundo”, na Revolução Russa de 1917, além da forte participação da sua companheira Louise Bryant. O roteiro aborda fatos históricos temperados pelas peripécias e desencontros do casal, além de entrevistas gravadas com pessoas que conviveram, diretamente e indiretamente, com o casal Reed, gravadas desde 1970 por Beatty.
O enredo começa no início do século XX, período de atuação do protagonista, e tem como gancho: o início da Primeira Guerra Mundial. Tratava-se de um período de efervescência política na Europa e nos Estados Unidos, que teve na Revolução Russa, em 1917, o marco de divisão do mundo em dois blocos: os comunistas e os capitalistas.
Reed era ator e observador dos confrontos políticos dentro dos Estados Unidos, e, em 1917, foi convidado para cobrir a Revolução Bolchevique na Rússia. Embarcou acompanhado da esposa e de amigos, acompanhando de perto, pelos bastidores, a queda de Kerensky e os mencheviques, e a ascensão de Lênin e os bolcheviques.
Após a vitória dos bolcheviques, John e Louise voltaram para os Estados Unidos. A partir deste momento, John começou liderar uma ala do Partido Comunista Americano, comandando uma diáspora. Voltou à Rússia para pedir aprovação para formação de um novo partido, recebeu resposta negativa e teve de ficar, pois assumiu uma função no Partido Bolchevique.
O jornalista revolucionário começou enfrentar as contradições da revolução, enfrentando discussões com sua amiga e anarquista, Emma Goldman, começou sofrer pela ausência de sua amada, que ficara nos Estados Unidos. Os conflitos psicológicos abordados no roteiro são aqueles enfrentados pelos militantes de causas complexas, que têm que renunciar a própria vida pela revolução, e acabam sofrendo pela falta de suas vidas passadas. No caso de John Reed, a distante Rússia foi ficando cada vez mais fria.
Trata-se de um grande recorte da visão de alguém que não só foi observador da revolução, como também foi um grande ator, sendo muito elogiado pelo líder revolucionário Vladimir Lenine.
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