Capitães da Areia: O nosso ‘O Germinal’





Uma obra para se ter, para sempre ler e reler e nunca [nunca] esquecer. Nosso ‘O Germinal’ é Capitães da Areia de Jorge Amado. Uma obra que prende o mais longínquo traço do plasma que cada ser humano carrega consigo. Um romance escrito com a mais qualificada pena marxista da Bahia, que contribuiu ao nosso país de maneira inegável. Abriu os olhos de uma sociedade baiana pré-Carlista e muito excludente.

Um retrato verossímil da vida cruel de crianças que nasceram excluídas e viveram soltas, jogadas à sorte na realidade sádica de uma sociedade hipócrita e desigual, cuja única defesa e chance de vingança era roubar, e por isso, foram demonizadas pelos bons costumes.

Cada menino mantinha um senso heróico macunaímico dentro de si, pois cumpria a missão de sobreviver e se proteger tendo a malandragem como única ferramenta.  A turma que vivia em um Trapiche abandonado era chefiada por Pedro Bala, um galego no meio de garotos negros e pardos que tinha uma perspicácia que o fazia parecer ter nascido pra vier na rua.

Em sua trupe tem seus companheiros Professor, João Grande, Gato, Sem-Pernas e outros meninos que colocavam Salvador de cabeça pra cima. Uma menina adentrou-se no bando e fora para muitos a mãe, a rainha, a irmã – mas para Pedro Bala, fora a noiva, a esposa, o amor eterno. Seu nome é Dora.

A figura de Dora representa o amor materno que todos aqueles meninos – abandonados pelo calor do amor e acolhidos pelo frio da miséria -, careciam e que sua falta os revoltavam cada vez mais. 

O foco narrativo do texto está em terceira pessoa com muitos diálogos espalhados ao longo da narração. Cada menino tem seu desfecho, mas todos estão envoltos a uma abordagem interessante da luta de classes do Brasil. Uma leitura fácil, rápida e intrigante.

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