O Nome da Rosa
Para iniciar meus comentários sobre cinema neste blog, decidi começar por um filme que tenho extrema afeição, em todos os aspectos, cinematográficos, históricos e literários.
Vou começar pelo roteiro, que é uma adaptação do romance do escritor, filósofo, lingüista e bibliófilo italiano Umberto Eco. O romance O Nome da Rosa foi lançado em 1980.
Na sétima arte, a obra ganhou adaptação em 1986 – sob a direção de Jean-Jacques Annaud, o mesmo diretor de Círculo de Fogo (2001) e produção e distribuição dos estúdios Warner Home Vídeo.
Roteiro
A história se passa na última semana do ano de 1327, em uma abadia beneditina da Itália medieval, onde 7 monges morrem misteriosamente e o abade, preocupado, recorre aos franciscanos e aos inquisidores para enfrentar o suposto “mistério”.
Um monge fransciscano renascentista, William de Baskerville, e seu aprendiz, Adso de Melk, são os protagonistas da história. Os dois chegam ao mosteiro antes que os inquisidores, e começam trabalhar pela resolução do mistério.
Enfrentando diversos embates ideológicos corriqueiros da vida eclesiástica da época, os dois encontram um mosteiro repleto de monges corrompidos e hipócritas clássicos da corrente beneditina.
A história também explana sobre as diversas correntes filosóficas que atuavam na igreja católica no século XIV, colocando os franciscanos como heterodoxos em detrimento à ortodoxia dos beneditinos.
Temas como o homossexualismo, celibato, luta de classes são expostos no decorrer da trama, porém, o grande mote está na biblioteca do mosteiro, que no romance de Eco era retratado como a maior de todos os mosteiros beneditinos.
A biblioteca representa o conhecimento que o renascimento estava resgatando na época, e os beneditinos mais ortodoxos do mosteiro, incomodados com os estudos de certos monges, acabaram optando por tomar medidas pragmáticas para conter aqueles, que com sede de conhecimento, representavam o perigo. Deste modo, a biblioteca foi escondida e somente as obras “autorizadas” ficavam disponíveis para os monges.
A obra que Eco escolheu para simbolizar a libertação do teocentrismo para o renascimento, foi a Arte Poética de Aristóteles, focando no seguinte trecho: “Talvez a tarefa de quem ama os homens seja fazer rir da verdade, porque a única verdade é aprendermos a nos libertar da paixão insana pela verdade.”
Representando uma afronta à escolástica, o bibliotecário colocou veneno nas páginas do livro de Aristóteles e com isso, condenou todos aqueles que ousaram ler a obra.
O monge franciscano descobre o plano, porém, os inquisidores atrapalham-no e por pouco, a igreja não mata inocentes para ocultar as mortes causadas pela sua própria política de supressão intelectual da época.
Comentário
Um filme sempre perde a meticulosidade romancista de uma obra literária, porém, filmes como O nome da Rosa preservam a mensagem filosófica e as principais emoções através das características do cinema.
Com uma boa qualidade de produção, o filme não perde em quase nada aos filmes conceituais e épicos lançados em tempos recentes, haja vista que o mesmo completa em 2011 – 25 anos desde o lançamento.
O texto se dá numa narrativa, onde o narrador é o aprendiz, Adso de Melk, e em certo momento da história, o mesmo apaixona-se por uma camponesa – que fora acusada de bruxa pela inquisição -, e no final, ele relata sua paixão, dizendo que ela fora sua única paixão carnal, porém, ele nunca soube seu nome. Será o nome da rosa?
Trailer do filme (sem legenda):
“Do único amor terreno da minha vida não sabia, e jamais soube, o nome.”
Adso de Melk
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