O Morro dos Ventos Uivantes

Depois de procrastinar por muito tempo, resolvi ler a célebre obra da literatura inglesa, “O Morro dos Ventos Uivantes”. Foi a última leitura fora do meu plano de leitura para este ano, por isso escolhi uma obra que – com certeza - encontraria prazer.
Trata-se daquelas leituras que nos prendem e nos desperta ansiedade em virtude do desenrolar dos acontecimentos, que são surpreendentes e extremamente meticulosos.
A exploração do sofrimento da humanidade, da sanha do homem pela maldade e pelo espírito satírico, são fundamentos pétreos do romance.
O quesito “fluxo de consciência” é deveras utilizado pela autora, e por isso, o romance agrada românticos, frios e agnósticos. 

A obra
Escrito pela inglesa Emily Brontë, o romance Wuthering Heights ganhou no Brasil o título de O Morro dos Ventos Uivantes, na tradução de Rachel de Queiroz. A trama tem seu arcabouço em um triângulo amoroso, constituído por Heatcliff, Catherine Earshaw e Edgar Linton.
Partindo pelo prisma freudiano, Heatcliff seria o ID, Catherine seria o ego e Edgar Linton seria o super ego, pois Heatcliff expressava uma selvageria aguçada em seus atos, Catherine era uma jovem que vivera cheia de cólera pelas emoções, mas sua razão a impediu de cometer algumas ações, já Edgar Linton foi, enquanto vivera, regido pela moral e pela ponderação em suas ações.
O título do romance é o nome do espaço onde a família Earshaw viveu – ao menos por três gerações -, onde o pai de Catherine, Mr. Earshaw, e sua esposa criaram seus dois filhos, Hindley e Cathy, com os auxílios da governanta Ellen Dean. Após a morte da mãe de Catherine, em um dia qualquer, seu pai regressou a Wuthering Heights acompanhado de um menino que encontrara em Liverpool – de uma viagem de negócios -, dando-lhe o nome de Heatcliff.
Heatcliff foi criado como filho pelo Mr. Earshaw, despertando em Hindley um profundo ciúme, já Cathy teve com Heatcliff, durante a infância, uma relação bastante afetuosa, uma espécie de idílio juvenil. Após a morte do patriarca da família Earshaw, Hindley iniciou um processo, onde assumiu a função de caudilho na vida de Heatcliff, humilhando-o em quase todos os dias, todos na casa achavam que Heatcliff era um cigano- por seus modos bastante distintos da cultura britânica -, e por isso o desdenhavam. Com exceção de Catherine.
Mas não foram os insultos de Hindley que fizeram com que Heatcliff saísse de Wuthering Heights, foi a traição que Caty cometera, aceitando casar-se com Edgar Linton.  Heatcliff não suportou tal decisão e sumiu - por três anos, voltando - para surpresa de todos, muito rico. Como o marido de Caty era muito rico - motivo maior do casamento -, todos entenderam que Heatcliff estava disposto a viver uma epopéia, mostrando, para aquela que o havia renegado, que ele seria mais rico que Edgar.
Cathy teve, com Edgar Linton, uma filha, porém não a conheceu, pois morreu no parto. Heatcliff acabou casando com a irmã de Edgar, Isabella Linton, e teve com a mesma um filho, Linton Heatcliff, que foi usado como principal arma para a vingança que Heatcliff tramara contra aqueles que o haviam humilhado na juventude.
Após a morte de Catherine Ershaw, Heatcliff aproveitou-se da posterior morte de Edgar Linton e empregou uma série de humilhações aos filhos dos seus verdugos do passado, Catherine Linton e Hareton Ershaw, filho de Hindley Ershaw.
Mas a mente de Heatcliff foi sua maior inimiga, onde a semelhança de Catherine com a mãe, fez com que o mesmo se sentisse perseguido pelo amor que sentira no passado, e por este acabou morrendo.
A história é contada através da narração da governanta Ellen Dean e da percepção de Mr. Lockwood sobre a história que lhe era contada e que posteriormente vivenciou, - locatório de Thrushcross Grange - , que após visitar Whutering Heights, ficou interessado pela história de seu senhorio, Mr. Heatcliff.
A obra foi lançada em 1847, sendo o único romance da autora.
A autora
Emily Jane Brontë nasceu em Thorton, em 30 de julho de 1818 e morreu em Haworth em 19 de dezembro de 1848, aos 30 anos. Sendo a quinta de seis filhos, tendo entre suas irmãs – duas escritoras, Charlotte Brontë e Anne Brontë. Seu irmão, Branwell Brontë, fora pintor. A família Brontë era conhecida pela verve artística.
Emily escreveu muito mais poemas, tendo como único romance: Whutering Heights.
Cinema   
Whutering Heights já sofreu várias adaptações na sétima arte, e a versão que mais obteve destaque, foi sob a direção de William Wyller, lançada em 1939, contando com nomes no elenco como Laurence Oliver e Marle Oberon. A filmagem venceu o New York Critics Circle Award como melhor filme, e foi indicada ao Oscar.

Música e teatro
A obra foi retratada por diversas vezes no tablado em formato de musical. No mundo musical, a canção Whutering Heights da cantora britânica Kate Bush, obteve sucesso em todo mundo.

No Brasil
Em terras tupiniquins, duas telenovelas foram produzidas em deferência à obra, “O Morro dos Ventos Uivantes” em 1967 e “Vendaval” em 1973.

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