Deixemos o Obama pra lá, a cá nos preocupemos com outras coisas

A UM PASSARINHO

Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis

Deixa-te de histórias
Some-te daqui!

(Vinicius de Moraes)
Muito se tem discutido, analisado, desdenhado, banalizado, valorizado, desvalorizado e outras possibilidades do homem, sobre a visita que o presidente estadunidense, Barack Obama, está fazendo ao Brasil, em sua primeira viagem à América Latina. Obama chegou nesta sexta-feira (18).
Minha análise quanto a este fato parece-me simplista, porém, não consigo formular qualquer outra inflexão sobre o tema, pois tenho dito em debates travados sobre diversos entraves de nossa atual conjuntura política, que a maior lição que podemos tirar do governo Lula, é de que há de existir uma distinção muito clara entre movimento social e governo.
Os movimentos sociais servem para que as demandas do povo tenham força e o governo, em nosso contexto, tem, dentre muitas outras atribuições, de cumprir o protocolo institucional. E receber autoridades para que sejam firmados novos acordos comerciais, faz parte do protocolo. Ademais, é lisonjeiro que o Brasil – no início de um novo governo – tenha relevância estratégica para qualquer estadista.
O que nós – povo -, devemos fazer, é pressionar e esperar para que excelentes acordos comerciais sejam firmados para que o Brasil possa reduzir, ou eliminar, o déficit que ostenta na balança comercial com os Estados Unidos. Cobrar do presidente Obama, uma posição efetiva na chamada guerra cambial.  As demais posições não devem ser discutidas neste momento, agora é a vez de uma reunião de estadistas para discutir ações comerciais.
As outras posições do Brasil devem ser defendidas nos momentos e nos fóruns pertinentes, pois para assuntos tão complexos - devem ser tomadas medidas de resolução também complexas ad nauseum, até que o unilateralismo prevaleça nos principais fóruns, e assim as idéias progressistas comecem a prevalecer nas principais resoluções
Então, não me oponho com nenhuma atitude tomada pelo governo brasileiro até o momento, como também acho muito oportuno que os movimentos sociais defendam as suas pautas, aproveitando o ensejo da presença do presidente Obama. Os 13 militantes do PSTU que estão presos devem ser soltos rapidamente, mantê-los presos é uma vergonha para o estado brasileiro.
Em suma, quero dizer o seguinte: “Presidente Dilma, faça o homem assinar tudo a nosso favor, e camaradas, vamos reclamar”, cada um cumprindo com o seu respectivo papel. Mas deixo claro, que, por este prisma, concluo dizendo que a única finalidade da visita é obter avanços nos tratos comerciais, assim como na posição americana na guerra cambial.
Se for por mais um verso, não somos mais poetas. Queremos avanço para o nosso país, para o nosso povo. Estamos muito felizes e confiantes. Exigimos respeito, que eles cada vez mais nos tratem como um país altivo e prospero e que eles tenham de nos agradar, fazendo-nos visitinhas, pois nos vemos muito menos, já que não vamos mais ao FMI como antes.
Sendo assim, deixemos o presidente Obama passear, enquanto fomentamos ainda mais nossas lutas, por nossas pautas tão imprescindíveis. Não estou me importando com ele, não fui eu quem o convidou.

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