O problema de 2013 volta à tona
Foram intensos os debates nos quais se abordavam o
caráter múltiplo das manifestações de 2013, pois alguns diziam ser somente um
cenário de uma retomada da direita em ir às ruas e outros, como eu, falavam que
a direita havia entendido a oportunidade de difusão de suas ideias antes de boa
parte da esquerda.
Agora, com o recém aumento das passagens de ônibus
em São Paulo - a indignação inicial que
culminou com o movimento de 2013 ressurgiu e, mais precisamente após o ato de
ontem, 12, na capital paulista, já podemos notar pessoas de ideário
progressista colocando a culpa no Movimento Passe Livre (MPL).
Ora, para isso se faz necessário entender a origem de radicalidade do movimento, sabendo de seus erros e de seus acertos e conhecendo as ideias de especialistas como Lúcio Gregori, que dá subsídios teóricos ao MPL, para entender a forma de atuar.
Há um ‘personagem’
que monopoliza a narrativa dos protestos e debates em torno da tarifa do
transporte coletivo urbano: a “caixa preta” na qual se ocultam as distorções e
gorduras de planilhas controladas pelas empresas do setor. (2013)
A denúncia que Lúcio faz, desde que foi secretário
de transportes no governo de Luiza Erundina em São Paulo, é sobre a margem de
lucro das empresas no processo tarifário e quando clama a famosa planilha é pela
falta de transparência neste processo.
Para isto, existem propostas de soluções, mas
todas passam por uma necessária reforma do transporte público.
A prefeitura precisa
trazer para a cidadania e para as empresas outra lógica, ancorada em dois
pilares de discussão: a) o custo total do sistema de ônibus e b) o critério de
remuneração das concessionárias ou permissionárias, contratadas para executar o
serviço. (2013)
Não se pede nenhum sortilégio, apenas
transparência para que todos saibam a real margem de lucro e essa tecla foi
fortemente apertada nas jornadas de 2013 e agora retomam pela volta do
problema.
Ao invés de vermos problemas em quem se manifesta,
devemos entender, em primeiro lugar, porque ainda não conseguimos emplacar o
discurso da reforma do transporte público de maneira robusta.
Muitos se incomodam com a crítica direcionada ao
prefeito Fernando Haddad, um homem de muitos acertos, mas que, inegavelmente,
não fez o debate adequado neste processo. A crítica tem sido em Alckmin e Haddad, mas em
Haddad ressoa mais pelo interesse da mídia e por muitos entenderem que é mais
fácil a sua compreensão do que a do governador.
Como de costume, a Polícia Militar paulista usou de truculência e ousou em impedir a manifestação.
Como de costume, a Polícia Militar paulista usou de truculência e ousou em impedir a manifestação.
Por fim, ou aprendemos a sermos radicais na forma
mais marxista do termo, de irmos à raiz dos problemas, ou viveremos em eternos
sobressaltos.
GREGORI,
Lúcio; ZILBOVICIOUS, Mauro. Tarifa
do transporte: o que está por trás dela? São Paulo: Movimento
Passe Livre - São Paulo, 2013. (http://saopaulo.mpl.org.br/2013/08/26/tarifa-do-transporte-o-que-esta-por-tras-dela-por-lucio-gregori-e-mauro-zilbovicious/)
Foto: Jornalistas Livres
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