SESC Jundiaí será inaugurado amanhã, mas a expectativa já vem de algumas décadas
A
terra da coxinha de queijo ganhará novas iguarias a partir deste final de
semana, pode-se dizer que temos orgulho e todos nós já fomos zombados por
sermos a única cidade onde coxinha não é necessariamente de frango. Qual
jundiaiense nunca comeu uma coxinha de queijo? Em qual bar daqui não se
encontra esse salgado cuja identidade é tão jundiaiense?
Talvez a analogia seja descabida, mas procurei algo
nosso para demonstrar a importância da instalação do Serviço Social do Comércio
(SESC) na cidade em um período onde diversos coletivos - cujo mote é
desempoderar do mainstream a
capacidade singular de produzir cultura.
Na verdade, a Escola
de Frankfurt fez nas primeiras décadas do século passado a crítica
direcionada à indústria cultural, onde o filósofo Theodor de Adorno afirma que a
autonomia e poder crítico das obras artísticas derivariam de sua oposição à
sociedade.
Ou seja, já era visto que a máquina capitalista de
reprodução e distribuição da cultura estaria apagando aos poucos tanto a arte erudita quanto a arte popular. Isso estaria acontecendo porque o valor crítico
dessas duas formas artísticas é neutralizado por não permitir a participação
intelectual dos seus espectadores e para o capitalismo, a cultura, como
tudo, é mercadoria.
Foi na primeira década do século XXI que o Brasil passou
a viver a chamada cultura antropológica e
o estado passou a formular políticas públicas através do programa Cultura Viva
nesse sentido. O conceito é simples: todos são formuladores de cultura e todos
devem ter espaço para poder produzir cultura. Após pouco mais de dez anos dessa
visão, pode-se dizer que ainda falta muito para superamos a dependência das
grandes gravadoras, estúdios e conglomerados midiáticos.
Ora, como o estado tem suas limitações de
abrangência, surge daquilo que chamo de base – sociedade civil organizada –
tais coletivos, que além de produzir de forma independente, também disputam os
editais dos órgãos estatais em sua maioria focando no reconhecimento e
exaltação da cultura popular.
Sei que o SESC não tem essa visão tão avançada, mas
ao menos consegue dar dinamismo a agenda cultural e a produção independente da
cidade e da região e isto fazia muita falta em Jundiaí. O atual formato de
atuação da Secretaria de Cultura visa atender tais anseios e a nova unidade do
SESC poderá agilizar o processo.
Mas onde está a analogia da coxinha? Simples: agora
nordestinos, goianos, mineiros, gaúchos, etc., poderão conhecer a nossa iguaria
numa temática cultural e dizer que conhecem a querida e, às vezes, ingrata
terra da coxinha de queijo.
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